Disco da Madrugada: Tom Waits - Closing Time (1973)


Hoje Tom Waits pode ser mais famoso por seus discos experimentais, anti-convencionais e transgressores, mas seu começo de carreira não foi bem assim. Parte do cast do selo Asylum, que abrigava artistas de soft-rock e folk como Eagles, Jackson Browne e Linda Rondstadt, Waits estreia em estúdio com um trabalho repleto de baladas jazzísticas calcadas no piano e arranjos minimalistas. O álbum cai perfeitamente na noite. É uma trilha sonora não oficial das madrugada. Quase um disco conceitual, desde a belíssima capa e título até as letras, tipicamente setentistas, evocando toda a poesia urbana de Waits, e botando mais um prego no caixão de toda a euforia e otimismo do Flower Power. Soldados morriam aos montes no Vietnã, a heroína invadia as ruas, Charles Manson, o hippie mais célebre havia comandando uma matança sem precedentes. O começo dos anos 70 marcou o êxodo urbano do rock, e as canções bicho-grilo sobre natureza, amor livre e lendas folclóricas deram lugar à histórias de bêbados, prostitutas, viciados, mendigos e todas as demais personagens da cidade grande. Closing Time é assim. Soa triste sem ser depressivo. Melancólico e bonito, elegante e marginal. Em meio à fumaça de cigarros, copos de bebida e cheiro de urina, Tom Waits canta sobre amor, solidão, sexo e relacionamentos fracassados. Dá voz aos perdedores e outsiders com um sarcasmo e toque humorístico únicos e uma interpretação doída e sincera, distante de suas performances debochadas e quase guturais dos anos 80.  Dê o play e curta sem pressa, é uma ótima companhia.


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