A década de 70 foi tão produtiva e o rock se desdobrou em tantos gêneros e subgêneros que algumas bandas ficaram difíceis de classificar. O grupo inglês Free, foi jogado no balaio do Hard setentista, e por isso muitas vezes o fã do estilo torce o nariz quando ouve o som pela primeira vez, já que está longe da quebradeira de um Grand Funk Railroad o um Cactus ou do proto-metal místico de Rainbow e Blue Öyster Cult. O som do Free é mais domado, malemolente. Recheado de balanço e malícia. A cozinha formada pelo prodígio Andy Fraser e o competente Simon Kirke é puro groove, sem distorção no baixo ou viradas insanas de bateria. O primoroso guitarrista Paul Kossoff não toca riffs ou solos faíscantes. Sua pegada é mais sutil. É como se ele acariciasse a Les Paul levemente distorcida. O lendário Paul Rodgers tem uma bela voz rouca e grave, diferente dos agudos estridentes que tomavam conta do rock da época.
O Free consagrou-se com seu terceiro disco Fire and Water de 1970, mas as vendas irregulares, brigas entre integrantes e problemas com drogas levaram ao fim da banda duas vezes, com uma tentativa fracassada de retorno em 1973 e a ruptura definitiva no mesmo ano. Em 1975, uma complicação devido ao uso de drogas interrompeu precocemente a vida de Kossoff, um dos guitarristas mais promissores de sua geração. Ele tinha apenas 25 anos. Andy Fraser teve alguns discos solos, ao longo do tempo, mas nunca alcançou o mesmo sucesso, apesar de ter sido um baixista talentoso e extremamente influente. Ele faleceu em março deste ano, de AIDS, aos 62 anos. Paul Rodgers e Simon Kirke e Paul Rodgers formaram o Bad Company ainda nos anos 70, além de participarem de outros projetos, mantendo-se na ativa até hoje.
Essa playlist traz 20 faixas para conhecer o maravilhoso trabalho do Free, uma banda de certa forma ainda subestimada. Enjoy!